quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Cometa

Aproximação. É mais ou menos como tudo começa (ou talvez onde) a fragmentar-se, um retalhar cheio de evidências ofuscadas pelo presencial, tátil e seja lá qual for o outro sentido envolvido nessa ausência de compreensão cronológica. Completamente atemporal. Simplesmente julgar-se-á como sendo um acontecimento sem provas de início ou o que quer que o limite ao vulgo real. O corpo menor do sistema solar chega mais perto e não vê necessidade de contratar alguém pra fazer a contagem dos minutos que já começaram a ser marcados por algo que não se pode medir. Mediação. Vai se dando conta de que ao colocar-se perto das nuances amareladas do que pensa ser sol somente se destrói. Se deixa tomar por certa sedução, errada, insegura das radiações. E tem consciência, mas não consegue estabelecer pausas, porque sabe que foi feito pra se difundir. Dilacera-se, se deixa roubar cada fragmento rochoso. E toma do sol toda a concretude, como se diminuísse seus minutos de estadia em um mundo desnecessário. Rouba-lhe o real pra entregar uma parte de si próprio que talvez nem valha tudo isso. Incerto. Não periódico. Só é visto uma única vez e fica. Fincam-se então memórias sólidas pelo tempo necessário que não existe. Um limiar entre a periodicidade e a extinção. Um pulsar que provavelmente acabará por desintegrar-se devido a teimosia de suas passagens muito próximas e freqüentes do intenso. E que talvez no fim das contas, se resuma a uma imensa atmosfera. Isolada, inconseqüente, independente das demais. Mas eu não sei contar.

0 comentários:

Postar um comentário

 
;