segunda-feira, 6 de setembro de 2010 1 comentários

Gosto Azul


Preciso de sono, ser uma pessoa cuja sensibilidade e atividade ficaram suspensas. Transcender-me múltipla, em corpos em estado de equilíbrio...E nessa busca tento organizar a bagunça de pensamentos que amarram os membros superiores e inferiores quase alinhados ao resto do meu corpo, mas tudo que eu consigo são palavras vagas que não fazem tanto sentido quando repassadas pro papel (jogado horas atrás no chão) que eu delicadamente desamasso e volto a amassar por não ter jogo de cintura pra encarar tantas linhas que se formaram no desalinho do meu corpo. Uma linha de confusões, uma fusão em excesso, quase descontrolável que não me deixa falar o que sutilmente já está dito, o que saiu sem permissão de mim e não se permitiu voltar... Aquilo que eu desajeitada, frouxa, nem sequer consegui segurar... Nem sequer consegui deixar dentro da sala de estudos. Tudo feito, tudo incompleto e automaticamente taxado como nada. E nada disso importa já que nenhuma porta por mais retangular que seja consegue ser equilibrada, porque no fim das contas sempre falta um centímetro, no fim das contas elas não existiram, nem as portas, nem as contas, nem as coisas, nenhuma delas... E se existiram, talvez passassem despercebidas em algum momento do tempo que eu não poderia responder se 3 + 3 eram sete ou dezenove ou que isso não faz o menor sentido quando a cor dos olhos tem cheiro de mar, quando o azul da alma tem gosto de outras coisas que são indescritíveis, quando o barulho do sono tem vontade de acordar e não dormir nunca mais... Tudo é quase perfeito, e nessa transição de ''quases'' tudo fica. Bem...Feito.
 
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