segunda-feira, 2 de setembro de 2013 1 comentários

Efusividade Térmica

Quanta energia somos capazes de absorver? Expandindo nossa matéria nos 9 cantos atmosféricos em busca de plenitude, de consolo, de conforto ou simplesmente em busca de prazeres momentâneos confundidos com felicidade eterna. Carregando um ciclo espontâneo e inquebrável que impede – mesmo que de maneira frágil – a dor e a delícia da iluminação. O fato é que cada pedaço de organismo carrega consigo o peso da compreensão de suas energias, o peso de saber onde estão e de saber encará-las e obtê-las. Individualmente somos levados a propagar nossos resquícios de calor através de áreas infinitas, por vezes desconhecidas e sombrias. Um corpo que clama e suplica para escapar da resistividade, que é privado de conhecer toda a potencialidade da magia que emerge e emerge e emerge e emerge de cada um de seus poros. Uma energia vital, inequívoca que não se limita ou se deixa aprisionar mesmo com toda a repressão. Aquilo que nos distingue e nos une ao mesmo tempo em uma eterna transformação psíquica que faz e refaz milhões de novos “nós” a cada milésimo de segundo. Granito e Madeira: um paradoxo de sinestesias que encontram a energia comum em uma sequência de toques. Que não precisam de condicionamento para proporcionar mudanças e trocas de temperatura. Corpos que oscilam e que se bastam e se satisfazem. Que por meio do cheiro, do sentido, da voz e da imagem inventam e criam o que querem: Eles mesmos.
sexta-feira, 23 de agosto de 2013 0 comentários

Ocaso

Talvez a falta de pecado seja tua, que não me deixa perecer envolta de minha própria imensidão, que me enxerga na ausência de luz e de sentidos, sentindo em mim um nada que tudo ilumina, que observa a construção de um novo disco a medida que me propago, que nenhum som emite mas ressignifica todas as partes do que achas que é de teu pertencimento. E é nesse processo de desprendimento que tu me pertences. Quando és só degustação. Enquanto te afogas em meus mitos difusos, eu, deusa da imaginação, dou prazer aos teus anseios e te liberto e te prendo em mim. Um ciclo que não permite interrupções, uma liberdade ensaiada que te abriga na escuridão e te limita a visões enevoadas que te impossibilitam ver minha forma. Procurando-me, de um jeito falho, em organismos trêmulos e abstratos, em gostos exóticos e idealizações baratas, você me perde. Desesperado por uma matéria transvestida do meu negro escudo você se parte. Fragmenta-se dentro dos meus olhos que não podem ser vistos. Olhos densos de plenitude que fazem parte do que antes era você. Eleva-te e descobre, enfim, que ao juntar teus fragmentos te transformas verdadeiramente no que és: Nós. Pois é o que sou, minha matéria bruta é feita do que tu não podes ver exatamente porque tu és.
 
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