Não posso esperar
ao mesmo tempo que
mal
posso
Quase consigo
sentir o som de
você
ecoando pelos corredores
Quase posso ouvir
a minha espera
chamando a presença
incerta, quase ausente
de qualquer objetividade
Das ondas sonoras
vibrando
sob as pedras mal
colocadas
do ambiente em que dividimos
- sem existir
divisão -
vários pedaços de possibilidade
O instante sem consentimento
em que igualmente
partimos
em fragmentos o ambiente
mesmo sem existir
Eis que o tempo
passa e,
eu
andante,
permaneço
parada
em espírito no mesmo lugar
Permaneço a fenecer
entre rostos
e braços
cabelos
e olhares
que
me enganam
e chamam
Substituem o espaço
em que posso sentir
você
ocupar
Ocupo quase todos
os espaços desses rostos
estranhos
Estou
do lado deles sem que haja
nada
de necessidade
da minha parte
E me parto
e deixo
os meus rastros de vontade
na vontade
que
você
os una
e encontre-me
Quando eu já não estiver
- visivelmente -
ao seu alcance.
(Samara Silvestre)
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