quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Um lugar sem um


Não posso esperar
ao mesmo tempo que
mal
posso

Quase consigo
sentir o som de
você
ecoando pelos corredores
Quase posso ouvir
a minha espera
chamando a presença
incerta, quase ausente
de qualquer objetividade

Das ondas sonoras
vibrando
sob as pedras mal
colocadas
do ambiente em que dividimos
- sem existir
divisão -
vários pedaços de possibilidade

O instante sem consentimento
em que igualmente
partimos
em fragmentos o ambiente
mesmo sem existir

Eis que o tempo
passa e,
eu
andante,
permaneço
parada
em espírito no mesmo lugar

Permaneço a fenecer
entre rostos
e braços
cabelos
e olhares
que
me enganam
e chamam

Substituem o espaço
em que posso sentir
você
ocupar
Ocupo quase todos
os espaços desses rostos
estranhos
Estou
do lado deles sem que haja
nada
de necessidade
da minha parte

E me parto
e deixo
os meus rastros de vontade
na vontade
que
você
os una
e encontre-me
Quando eu já não estiver
- visivelmente -
ao seu alcance.

(Samara Silvestre)

0 comentários:

Postar um comentário

 
;