Deixa eu curtir minha raiva, deixa. Ela agora é o meu legado, mas só agora. Entra, invade, absorve todos os meus sentidos e não me faz pensar em mais nada porque a vontade transpõe o pensar e põe em xeque os meus desejos reprimidos, derrubados, frustrados. Alego então ter essa ira passageira dentro de mim, só pra não perder o espírito racional e não sonhador tão apregoado nos quatro cantos da mente. Mentira seria deixá-la passar, movê-la pro subconsciente e depois se esquecer de jogar fora, passando assim, dias e dias até criar fungos e extravasar pela pele, que já tem feridas demais pra se dar ao luxo de andar entregando-se assim pra qualquer fúria. Pelo menos a deixando ir de vez depois de duas ou três ou cinco semanas (ou seriam séculos?) livro-me desse filme que ainda nem começou e eu já posso imaginar o final. Então deixa criar outro fim, aproveitar o escuro de mim sem ter vergonha de provar que eu também sou sujeita a mudanças, embora nunca esteja á venda.
“Aprenda: nenhuma das suas cicatrizes vai fazer alguém gostar menos de você. Nenhuma das suas cicatrizes vai fazer de você um ser menos humano ou mais fraco, porque o fracasso não é uma conseqüência e sim uma conquista. ’’'
Samara S.