sábado, 6 de dezembro de 2014

Pra não dizer teu nome em vão

Pra não dizer teu nome em vão
Me lanço ao inferno, feito Ícaro
Asas fabricadas de mágoa e cera
esperançadas através de olhos de suor
que agarram e se lançam para a indecifrável 
centralidade divina de tua íris,
Oceânica

Elo perfeito entre a terra e o céu
Tudo que és me joga ao abismo
Ao pertencimento de lugar nenhum
Não me situo em teus dias frágeis
em teus laços frouxos, sem cor
Sem lados

Vasculho o vento de tuas profecias baratas
Ascendo em massas cruéis, me sinto em faíscas,
Em chamas que chamam em todos os cantos por tua
manifesta voz
Por tuas velhas memórias cinzas,
Pelo suave penar em me fazer celeste,
em me trazer de volta as delicadas asas douradas
Dobradas
que hoje repousam entre minhas dolorosas mãos de bronze,
Lembranças de ferro

Quando me atiro, é
Metálico
O sabor barato entre os teus lábios
Essa é a lembrança mais clara
e suja
dos dias desérticos que me oferecestes
dentro dessas águas que pesam
minha consciência envolta por penas
Espírito livre afogado
Pela tua abstração.

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